O concorrido consultório do doutor internet

O artigo a seguir, trata um pouco da mudança de comportamento dos pacientes mediante o apoio emocional possibilitado pela internet. É importante salientar que mesmo com essa estrutura virtual, as orientações adquiridas nesse ambiente devem ser validadas pelos médicos responsáveis por cada caso.

De repente, os
pacientes deixaram de ser simples pacientes. Tornaram-se ativos nos consultórios, com opinião própria. Uma revolução. Debatem com os médicos o diagnóstico e as melhores formas de tratamento e até sugerem a troca de medicamentos. A mudança radical no comportamento foi resultado da adesão ao Google, a principal ferramenta de busca da internet. Graças ao “doutor Google”, informações antes restritas a profissionais da saúde podem ser acessadas rapidamente. Hoje uma segunda revolução na rede chega com força: as comunidades virtuais em sites de relacionamento como Orkut e Facebook.

As comunidades servem como um ponto de encontro entre pacientes, familiares e profissionais da saúde. Eles discutem, trocam informações, experiências e conhecem mais sobre como enfrentar alguma doença.

– No primeiro momento, o Google ajudou as pessoas a terem acesso ao conhecimento técnico. Agora, as comunidades virtuais ajudam os pacientes e familiares em questões do dia a dia, como superar problemas da rotina, que muitas vezes desgastam o doente – conta a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Wilma Madeira, que em 2006 escreveu uma tese sobre o dr. Google e agora se dedica a entender a influência das comunidades virtuais.

Ela dá um exemplo: muitas vezes, quem sofre com doenças crônico-degenerativas, como câncer e Alzheimer, precisa de remédios caros ou difíceis de encontrar. Pela comunidade, o paciente conversa com pessoas que enfrentaram o mesmo problema e já encontraram a solução. Pode, assim, saber onde comprar os medicamentos pelo menor preço.

Outra vantagem é a orientação para pacientes recém-diagnosticados. No início, é comum a presença de tristeza, medo e desânimo. Nos grupos virtuais, essas sensações podem ser amenizadas. Muitos usuários publicam depoimentos contando suas histórias, os desafios superados, as dificuldades dribladas. Esses testemunhos de superação confortam o leitor.

– Um paciente bem informado ajuda no nosso trabalho. Ele sabe se expressar melhor e tem noção da importância do tratamento. Podem surgir ideias que ajudem na recuperação – analisa o psiquiatra Alceu Gomes Correia Filho.

É o que faz o estudante José Miguel Volkweis Júnior, 20 anos. Ele sempre busca a orientação do médico e debate com ele os melhores tratamentos para o diabetes 1, diagnosticado há seis anos. Já em casa, diante do computador, participa de comunidades virtuais e ajuda outros pacientes com dúvidas corriqueiras.

– Uma vez, uma usuária estava para colocar a bomba de insulina e tinha várias dúvidas. Tinha medo de a bomba ficar aparecendo e temia pela adaptação do corpo. Como já uso a bomba há um bom tempo, incentivei ela e dei umas dicas de como se adaptar. Falei que dava para esconder a bomba nos bolsos. É bem fácil. Nas comunidades, todo mundo se ajuda – diz o estudante.


(Fonte: Portal Zero Hora - Artigo de Daniel Cardoso)

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